Um rei, certo dia, resolveu premiar o cidadão mais feliz de seu reino com uma medalha de ouro. Ordenou, então, a todos os seus ministros que fossem aos palácios e mansões mais suntuosos entrevistar seus proprietários a fim de descobrir o merecedor de tão singular premiação.
Obedecendo às ordens reais, todos os ministros retiraram-se do paço, certos de logo concluírem a tarefa.
Um mês depois, o rei mandou chamá-los, pois se preocupava com o fato de ainda não lhe terem trazido o indivíduo que faria jus à honraria. Um a um, os ministros narraram suas infrutíferas buscas nas mais esplendorosas propriedades do reino, onde a tristeza fazia-se presente, apesar das fortunas acumuladas.
Irado, o rei determinou que trouxessem à sua presença, até as 12 horas do dia seguinte, o cidadão mais feliz do reino, caso contrário todos seriam demitidos e castigados severamente, por serem incapazes de solucionar um problema, a seu ver, tão simples.
Novamente os ministro partiram mas, desta vez, cabisbaixos, certos do resultado insatisfatório das buscas.
Na manhã seguinte, um edital do reio convocou todos os súditos para a grande festa. Ao meio-dia, todos reunidos na praça em frente ao palácio-real, os ministros começaram a chegar, sem terem encontrado o ganhador da medalha. O rei, nervoso, já se preparava para assinar as demissões, quando chegou o último ministro acompanhado por um mendigo.
O rei gritou, vermelho de raiva:
— Senhor Ministro, mas o que significa isto?!
O ministro, sorrindo, pegou o mendigo pelo braço e disse:
— Majestade, após muitas pesquisas, concluí que este mendigo é o vosso súdito mais feliz!
— Mas isto não é possível! — exclamou o rei. Eu conheço este homem. Não possui bem algum, nem sequer um teto onde se abrigar. Por várias vezes mandei afastá-lo da proximidade de meu palácio e de meus jardins, porque sua presença atrapalhava a beleza da minha propriedade. Como pode ele ser feliz?
— Pois assim é, Majestade! — afirmou o ministro. Este indivíduo desprovido de todos os bens terrenos é plenamente feliz. E se esta surpresa ainda não bastasse, saiba que ele se nega a aceitar a medalha de ouro.
Um murmúrio de espanto e incredulidade fez-se ouvir entre a multidão.
— Nega-se?! — indagaram, uníssonos, todos os presentes.
— Sim, nega-se por não ter uma camisa onde colocar a medalha.
Diante dos olhares estupefatos do rei e dos ministros, o mendigo deixou o palácio, pensando consigo: “Pobres infelizes! Quantas preocupações banais a infernizar-lhes a existência!”
E seguiu seu caminho, feliz.

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